Após a morte de Alves Redol, em 1969, desejaram os amigos e alguns vila franquenses que se criasse uma Casa-Museu Alves Redol na terra em que nasceu.
A “Comissão Legado Alves Redol”, constituída pelos escritores José Cardoso Pires, Alberto Ferreira e Mário Ventura e por António Mota Redol, iniciou diligências nesse sentido, mas em 1979 essa Comissão, numa reunião preparatória das Comemorações do 40º Aniversário de “Gaibéus”, a que assistiram Joaquim Namorado e Arquimedes da Silva Santos, decidiu avançar com um Museu Alves Redol e do Neo-Realismo e, pouco depois, com um Museu do Neo-Realismo.
Joaquim Namorado e António Mota Redol fizeram vários contactos com esse objectivo, mas somente em finais de 1987, um grupo de pessoas constituído por António Mota Redol, Arquimedes da Silva Santos, Rogério Ribeiro e Garcez da Silva propôs o projecto à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, que imediatamente o assumiu. Pouco depois, a este grupo juntou-se Júlio Graça. Em 18 de Maio de 1988 a Câmara deu posse à Comissão Instaladora do Museu.
Em 1989 foi instituída a Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, que integrava os “fundadores do Museu”, escritores e outros elementos ligados ao Movimento Neo-Realista de Lisboa e Coimbra.
A Comissão Instaladora definiu a orientação estratégica de todo o trabalho de implementação do Museu, definiu uma concepção de Neo-Realismo e listou os que cabiam nessa concepção, estabeleceu contactos com os integrantes dessa lista e seus descendentes, sensibilizando-os para a importância do Museu e para a doação dos seus espólios, reuniu livros – todas as edições de todos os livros publicados - e obras de artes plásticas e material disperso, organizou exposições e sessões em Vila Franca de Xira e muitas localidades por todo o país, apoiou publicações, etc., etc..
Em 1991, o Centro de Documentação do Neo-Realismo começou a funcionarem instalações da Câmara Municipal.
Em 1993, foram inauguradas as instalações provisórias do Museu com o seu Centro de Documentação e uma exposição permanente que historiava sucintamente o Movimento.
A partir deste momento, a Comissão Instaladora deixou de existir e o trabalho que esta realizava passou a ser assumido pela Associação Promotora.
Durante o ano de 1994, iniciou-se, por todo o país, a expensas da Associação e por ela dirigido, o inventário de obras de artes plásticas neo-realistas, o qual abrangeu, também, obras de outras fases dos artistas considerados.
No ano seguinte iniciaram-se as acções de formação para professores sobre escritores do Neo-Realismo que eram contemplados pelos programas escolares, evoluindo-se, depois, para outros temas que aquele Movimento abrangeu, como artes plásticas, cinema, história e filosofia, além de se dedicar a um movimento precursor e com alguns aspectos comuns, o Realismo e outros, como o Presencismo e o Surrealismo, com os quais o Neo-Realismo teve fortes polémicas.
Em 1997 realizou-se o “Encontro Neo-Realismo”, o qual reuniu numerosos investigadores.
Nesse mesmo ano, encomendado e dirigido pela Associação Promotora, iniciou-se a preparação do “Programa do Museu do Neo-Realismo”, realizado pela Drª Ana Margarida Martins, Mestre em Museologia pela Universidade Nova, com a colaboração de Rogério Ribeiro, vários técnicos e de membros da Associação, tendo-se proposto à Câmara Municipal que o projecto fosse encomendado ao Arquitecto Alcino Soutinho, o qual visitou, então, vários locais em Vila Franca de Xira candidatos à implantação das novas instalações do Museu. Finalmente, no ano 2001, seleccionado um local, o projecto começou a ser elaborado.
Em 14 de Abril de 2003, o projecto completo foi apresentado pelo Arquitecto Soutinho numa sessão realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, à qual assistiram numerosos escritores, artistas plásticos, gente do cinema e do teatro, familiares de muitos artistas e doadores de espólios.
Em Dezembro de 2004 o projecto foi candidatado pela Câmara Municipal aoPrograma Operacional de Cultura, tendo recebido parecer favorável do Instituto Português de Museus, que o considerou de “extraordinária relevância”.
Aprovada a candidatura, as obras iniciaram-se em finais de 2005 e a inauguração das novas instalações do Museu verificou-se em Outubro de 2007, com a presença do Presidente da República, da Ministra da Cultura, de numerosas individualidades do meio cultural e muito público.
(Para uma narração mais detalhada, consultar o livro A Génese do Museu do Neo-Realismo, de Joana Lima, 2017, Edições Colibri).