Historial da Associação
Historial da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo
A Fundação
A Associação foi fundada por escritura pública de 18 de Maio de 1989, Dia Internacional dos Museus, sendo seus sócios fundadores os elementos da Comissão Instaladora do Museu do Neo-Realismo, António Mota Redol, Arquimedes da Silva Santos, Rogério Ribeiro, António Teodoro Garcez da Silva, Júlio Graça e Rodrigo de Freitas, por ordem de adesão ao projecto, o Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Daniel dos Reis Branco, o Vereador da Cultura José António da Luz Carmo e a responsável dos Museus Municipais Maria Clara de Frayão Camacho. Foram ainda sócios fundadores diversos colaboradores da revista “Vertice”, oriundos de Coimbra e doPorto, Alberto dos Santos Januário, Alberto Vilaça, António Avelãs Nunes, Armando Bacelar, Jaime do Couto Ferreira, Rui Clímaco. A Associação tem, de momento, 88 sócios, entre doadores de espólios ao Museu, escritores e artistas plásticos, críticos e investigadores, professores universitários, dirigentes de colectividades, em especial de Vila Franca de Xira, que foram dinamizadores culturais. Os sócios são admitidos em Assembleia Geral, por proposta da Direcção.
Relação com a Câmara Municipal. Actividades
Os estatutos da Associação previam que o Museu do Neo-Realismo ficasse sob a sua direcção, orientação que veio a ser alterada algum tempo depois do início do processo, ficando o Museu integrado na estrutura da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Mas a Associação, de par com a Comissão Instaladora, mas com preponderância desta, continuou a ter um papel fundamental na definição das orientações estratégicas do Museu, sendo de responsabilidade das duas entidades, embora acertadas com a Câmara Municipal, as iniciativas de angariação de espólios e de contactos com os cultores do Movimento Neo-Realista, a organização de exposições, a encomenda de trabalhos de investigação, o apoio a edições, a contratação de pessoal para as tarefas do Museu, a aquisição de equipamento, a elaboração do Programa do Museu. Foi sob proposta de ambas que foi escolhido o Arquitecto Alcino Soutinho para elaboração do projecto das novas instalações do Museu.
Com a inauguração das instalações provisórias do Museu em Dezembro de 1993, a Comissão Instaladora foi desactivada e a Associação assumiu todas as suas funções. Com a eleição de Maria da Luz Rosinha para Presidente da Câmara Municipal em 1997, o trabalho não sofreu qualquer descontinuidade, verificando-se mesmo que a nova presidência desejava acelerar o processo de construção das novas instalações. Trabalhando em estreita colaboração com a Câmara Municipal, as actividades foram prosseguindo, mas em 2001 surgiu um diferendo grave entre a Associação e aquela entidade, que se propunha demolir o Teatro Salvador Marques, em Alhandra - um teatro histórico, contemporâneo do Teatro Apollo, em Lisboa e de semelhante traça - e, no espaço respectivo, construir as novas instalações do Museu. Surgiu um Movimento de Opinião em Vila Franca de Xira, que se opôs à ideia, o qual recolheu alguns milhares de assinaturas e teve o apoio da Associação, embora tivesse tido origem numa movimentação independente. Desta movimentação, resultou que o Museu se manteve em Vila Franca.
Com a inexistência de um Director do Museu, a Associação, embora a contragosto, acabou por assumir parte das suas funções, numa colaboração fecunda com a Câmara Municipal, num período em que foi elaborado o projecto do Museu pelo Arquitecto Alcino Soutinho, com base no Programa elaborado anteriormente e em que foram realizadas pela Câmara Municipal diligências junto das autoridades governamentais, para se obter financiamento europeu para a construção do novo edifício. Esta situação foi alterada em Fevereiro de 2007 com a nomeação pela Câmara Municipal de um Director, após várias sugestões apresentadas pela Associação.
Desde 1990 até 2007, a Comissão Instaladora e a Associação Promotora realizaram 35 exposições, 11 de literatura, 23 de artes plásticas e uma de teatro, 46 sessões sobre o Neo-Realismo; organizaram 4 exposições de neo-realistas e 3 de não neo-realistas da responsabilidade de outras entidades. No mesmo período, o Museu organizou 19.
Aquando da inauguração das novas instalações do Museu, nele existiam 23 espólios e 8 bibliotecas de neo-realistas angariados pelas Comissão Instaladora e pela Associação Promotora, a maioria dos quais com contrato de doação à Câmara Municipal.
Neste período até 2007, estas duas entidades levaram ainda a cabo várias acções de formação para professores em duas escolas de Vila Franca e uma da Amadora, visitas guiadas às exposições realizadas e publicaram anúncios em jornais sobre as exposições, sobre os espólios angariados e com os nomes dos escritores que apoiaram a continuação do Museu em Vila Franca de Xira.
Organizaram, também, um inventário de obras de artes plásticas neo-realistas em todo o país, através de uma ficha especialmente preparada para o efeito para cada obra e com uma fotografia da mesma. Juntaram-se 11.000 fichas.
Em 2005, a Associação foi declarada “Pessoa colectiva de utilidade pública” pelo Governo de Santana Lopes.
Financiamento
Desde o início da sua actividade, a Associação recebeu um apoio financeiro anual atribuído pela Câmara Municipal, o que lhe permitiu desenvolver as actividades referidas. Todavia, a partir de 2006 tal apoio cessou, tendo-se verificado em 2008 e 2009 dois apoios muito menores do que o habitual. Foram recebidos, ainda, apoios da EDP, Montepio Geral, Fundação Calouste Gulbenkian, mas a Associação passou a viver de doações de sócios. Em 4 de Março de 2005, a Associação foi reconhecida como “pessoa colectiva de utilidade pública”, pelo Governo de Pedro Santana Lopes, o que facilita a obtenção de apoios financeiros.
Actividades posteriores a 2007. Publicações.
Com a nomeação de um Director e a inauguração das novas instalações em Outubro de 2007, as actividades da Associação alteraram-se, incidindo mais no apoio às actividades do Museu, realização de eventos por todo o país em colaboração com outras entidades, edição da revista Nova Síntese, apoio à edição de livros sobre o Neo-Realismo.
A Associação Promotora dedicou então a sua acção a realizar sessões em todo o país, cujo número atingiu 205 de 2008 até 2019, a promover a itinerância das 4 exposições que organizou (Armindo Rodrigues, Garcez da Silva, Alves Redol e Manuel da Fonseca) e das que o Museu já possuía. As exposições de Alves Redol e Manuel da Fonseca, organizadas na comemoração dos seus centenários, estiveram em perto de 100 locais, somadas as duas.
Desde a sua formação a Comissão Instaladora e, depois, a Associação Promotora, apoiaram financeiramente 54 publicações. Esse apoio significou, quase sempre, o pagamento integral da edição, o que equivale aproximadamente a um dispêndio de 150.000 euros. Na grande maioria dos casos, a edição resultou do conhecimento da existência de obras que estavam na gaveta sem possibilidade de virem a público, tendo a Associação contactado os editores propondo a publicação com a garantia de financiamento.
A revista Nova Síntese iniciou a sua publicação em 2006, é financiada integralmente pela Associação, com textos escritos pelos autores gratuitamente. Foram publicados 13 números com Vitor Viçoso a Director e António Mota Redol como Director-Adjunto, tendo deixado de se publicar devido a uma constante importunação por parte da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, por causados atrasos na periodicidade. Passou a publicar-se Cadernos Nova Síntese de que se editaram 5 (à data de Dezembro de 2021). Os 16 volumes estão incluídos nas 54 publicações referidas.
Os exemplares recebidos como contrapartida ao financiamento das obras têm sido oferecidos a professores universitários de todo o país, outras pessoas, bibliotecas municipais, de escolas e de faculdades.A Nova Síntese tem sido enviada para professores universitários de Portugal, Galiza, Brasil, França, Itália, Bulgária, Reino Unido, EUA, Argentina, México e Colômbia. Ofereceram-se cerca de 9.000 exemplares daquelas 54 publicações.
A Associação continuou a fazer contactos para a angariação de espólios e muita documentação avulsa ou organizada. Obras de artes plásticas (193) foram doadas à Associação, encontrando-se em depósito no Museu.
A Associação Promotora tem mantido, desde 2007, uma relação com o Museu do Neo-Realismo, umas vezes mais próxima, outras vezes menos.